quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Cervejas de Frutas

Uma bebida fermentada inteiramente de frutas é um vinho. Uma bebida fermentada inteiramente de grãos é uma cerveja. E se o grão é a base e fruta é adicionada mais tarde temos também uma cerveja.
Acredita-se, mas sem provas, que antigos cervejeiros egipcios usaram laranja para dar sabor. Os sumérios, onde é hoje o Iraque, usaram tâmaras. Escavações na Turquia sugerem que uma bebida feita com grãos e uva foi consumida no funeral de Midas, rei da Frígia (o personagem da mitologia grega, que transforma tudo que toca em ouro foi baseado neste rei).
A lei alemã da pureza da cerveja exclui a adição de frutas, mas no “jardins da cerveja” tipicamente lançam uma cerveja com xarope de framboesa.
Cerejas e framboesas são as duas frutas tradicionalmente utilizadas em cervejas belgas. As cerejas crscem em muitas regiões produtoras de cerveja, como Bohemia, Bavária, Dinamarca, Inglaterra e as framboesas ainda mais ao norte. A cerveja sem sobra de dúvidas é a fruta mais utilizada, porém nem o termo flamengo kers nem o francês cerise são utilizados para identificar. A fruta é normalmente conhecida pelo nome flamengo Kriek e muito ocasionalmente por Griotte, o termo francês.
Esta cereja é da familia Prunus cerasus, é quase preta e produz um suco de cor forte com sabor azedo ou ácido. Esta familia e a Prunus avium são antecessoras de todas as variedades cultivadas.
As árvores de cereja ainda podem ser encontradas na região central de Bruxelas e ao redor da cidade, especialmente na região de Schaarbeek.
Para a framboesas, o termo francês Framboise é utilizado. Uma autêntica Kriek ou Framboise com sabor mais seco é a resposta ao Kir como aperitivo.
Como as cerejas são locais em Bruxelas, elas aparecem como uma alternativa lógica de adição ao estilo local de cerveja, a Lambic, que merece um post especial, pois o processo de fabricação é realmente especial. O estilo é então denominado Kriek Lambic.
O jeito tradicional é feito com Lambic feita da forma antiga e cerejas mais “azedas” são utilizadas. A cerveja precisa ficar no mínimo 4 meses com a fruta e mais 6 meses de maturação na garrafa. Nenhum adoçante artificial é permitido.
Após a colheita, geralmente em julho, as cerejas são adicionadas a cerveja no barril. A Lambic precisa ter no mínimo 3 meses ou mais tradicionalmente 18 meses. Os sabores emergem a partir do 6º mês, mas podem ficar por muito mais tempo.
Alguns fabricantes indicam no rótulo quando a Lambic foi feita e quando as cerejas foram colhidas. Do ponto de vista da fruta, outubro é um bom mês para engarrafar. Pela atividade do fermento os melhores meses são março, abril ou maio.
Se a Kriek fica longos períodos nos barris, a cerveja fica mais seca e amarga.
Em uma Kriek tradicional a fermentação causada pela mistura e a adição de fruta vão adicionar “força” para a cerveja. Esta “força” pode variar entre ou um pouco mais de 5% a até mais de 7% de teor alcoolico.
É com certeza uma cerveja muito especial, sabor adocicado, com muito sabor da fruta, também muito bom para sobremesas. Outras frutas também são utilizadas, como pêssego e outras frutas vermelhas.

Um comentário:

  1. Flavio,

    Esse post me deixou curioso em provar uma cerveja belga frutada, nem precisei me esforçar muito e encontrei aqui em São Paulo-BR a Kriek Boon da cervejaria Brouwerij F. Boon, vai ser minha primeira experiencia com uma Lambic.

    Parabéns pelo blog, e obrigado por me adicionar no seus favoritos.

    Rogério Ferreira - Divina Cevada

    ResponderExcluir

Quem sou eu

Bruxelas, Belgium
Engenheiro Mecânico, doutorando pela Vrije Universiteit Brussel, apreciador das diferentes cervejas deste país. dúvidas? fpresezn@vub.ac.be