quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Stella Artois – AB InBev

Conforme postei ontem, hoje vou escrever sobre uma das, se não a, cerveja belga mais conhecida no Brasil. Então, vamos começar pela história desta cerveja, e a primeira pergunta é: Porque o nome Stella? É o nome da esposa ou da filha do cervejeiro? Não!
Stella foi escolhido com o sentido original da palavra estrela em latim. Este nome veio em homenagem a estrela de Belém, que para aqueles não católicos ou que faltaram as aulas da catequese, é a estrelha descrita no Evangelho segundo Mateus que anunciou o nacimento de Jesus e guiou os Três Reis Magos até o local onde ele se encontrava. E isso tem tudo a ver com o lançamento da cerveja, que no inicio foi uma cerveja especial de Natal. Parece ser uma escolha estranha, uma cerveja dourada no natal, já que por muitos anos as cervejas de Natal foram escuras. Voltamos então a 1926. Nesta época, a maior parte das cervejas eram escuras, não importava a época do ano. Contra este histórico, esta cerveja dourada devia realmente brilhar como uma estrela.
Apesar de ser uma cerveja sazonal, ela foi claramente modelada de acordo com uma Pilsener tcheca. A cerveja evoluiu, ficou com um corpo mais leve e um sabor mais suave com o passar dos anos, mas continua com o caráter do lúpulo Saaz: floral, herbal e temperado, especialmente no aroma.
Tornou-se a cerveja mais vendida na Bélgica, então firmou posição na fronteira da França, cruzou o canal da Mancha para o Reino Unido e hoje é internacional pela InBev.
A história da cervejaria também é interessante. Ela fica na capital belga da cerveja. Existia cerveja em Leuven (ou Louvain, para os francófonos) antes mesmo dos estudantes, apesar dos dois serem praticamente inseparáveis.
Um bar de cerveja chamado de “The Hunting Horn” esta nos registros como datando de 1366. Em 1425 a universidade foi fundada, para acolher pessoas como Mercator (aquele da projeção de alguns mapas), Erasmus e gerações de estudantes cervejeiros. É a universidade católica mais antiga do mundo. Um século após a fundação, a cidade contava com 42 cervejarias.
Sebastien Artois (olha o nome ai!) era um aprendiz no “The Hunting Horn” e o nome sugere que sua familia é originária da região de Artois, no norte da França. Ele graduou-se mestre em brassagem em 1708. Menos de 10 anos depois ele já havia contruido o seu negócio.
Artois ficou com a familia por mais de 100 anos, transformou-se na maior cervejaria belga e comprou não somente competidores locais como também holandeses e franceses, antes de se fundir com o rival local Piedboeuf, produtor da cerveja Jupiler.
Hoje Leuven é a capital do Brabante Flamengo, embora esteja na fronteira com a Valônia. Portestos ocorreram na cidade nos anos 1950 e 60 por questões linguisticas resultando na organização não só de uma universidade francófona, mas de uma nova cidade, Louvain La Neuve, perto de Bruxelas.
Fiz questão de colocar a foto da Stella vendida aqui, de garrafa escura, diferente da verde utilizada no Brasil. Só tomei esta cerveja no Brasil uma vez, quando estive por lá de férias. Posso dizer que não tem nada a ver com a Stella vendida aqui. O nome pode ter ficado internacional, mas a cerveja, tenho minhas dúvidas!

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Quem sou eu

Bruxelas, Belgium
Engenheiro Mecânico, doutorando pela Vrije Universiteit Brussel, apreciador das diferentes cervejas deste país. dúvidas? fpresezn@vub.ac.be