segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Um belo copo de cerveja

Na Bélgica cada cerveja tem seu copo. O único país que tem uma ampla variedade de copos é a Alemanha, porém lá os copos são mais ligados ao tipo da cerveja, não tendo necessariamente cada cerveja o seu copo.
Servir cerveja a um belga em um copo não apropriado é um pecado, que provavelmente resultará em alguma aula sobre o assunto.

Os grãos são para a cerveja o que a uva é para o vinho


A civilização pode ter origina com a cerveja e baseado nisso pode-se dizer que os belgas tem suas prioridades corretas.
A sugestão é que quandos os homens deixaram de ser caçadores, extrativistas e organizaram-se em sociedades para produzir grãos, o objetivo não era fazer pão e sim cerveja.
Pesquisas sobre isso tem com base escavações ao longo do antigo Egito onde é agora Israel, Síria Iraque e Turquia.
De acordo com estudos recentes, cevada era colhida ainda em um modo de produção extrativista a pelo menos 33000 anos atrás no que é hoje o norte de Israel e Síria, mas não se sabe se o objetivo era a fabricação da cerveja.
Agora sabe-se que cevada e trigo eram produzidos na mesma área há cerca de 13000 anos.
O segmento da Mesopotâmia possui o mais antigo registro do consumo de cerveja em uma peça decorativa datada com cerca de 6000 anos. Em uma série de tábulas sumérias de 5000 anos possui o que é descrito como a receita mais antiga de cerverja, explicando o processo de fabricação a partir da cevada.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

La Chouffe - Brasserie d'Achouffe

Com certeza esta é uma das cervejas belgas que mais aprecio. Meu primeiro contato com esta cerveja foi em um bar dentro da universidade, em 2006, quando aqui estive para uma entrevista referente a uma vaga no projeto que participo agora.
A cervejaria d’Achouffe é dentre a nova geração de pequenas cervejarias com certeza a de maior sucesso. O nome tem origem na aldeia de Achouffe, nas Ardenas, província de Luxemburgo.
Chouffe é um gnomo barbudo, que usa uma toca vermelha que é o símbolo da cervejaria.
A primeira cervejaria d’Achouffe iniciou em 1982 em uma casa de campo do ano de 1805.
As cervejas são feitas com água da primavera das Ardenas, com maltes Pilsener e cristal, açúcar branco e mascavo, lúpulos Styrian e Sacz e coentro.
Existem dois principais produtos, ambos com um limpo, delicado e leve sabor de malte e considerável sutileza e complexidade.
La Chouffe (8.0GL) com uma cor entre dourado e pêssego, um aroma doce e frutado e paladar com notas cítricas que ficam tendendo a notas de vinho e mais complexas com o tempo.
Como toda cerveja belga, La Chouffe possui seu próprio copo. Uma parte intessante deste copo, são as palavras “Magic Chouffe”, escritas de forma invertida no copo para que você possa ler de maneira correta através do copo e as curvas do copo, juntamente com a cerveja criam um efeito mágico.
A princípio a cerveja só era vendida em garrafas de champange, com 750ml, mas após a aquisição da cervejaria pelo grupo da cervejaria Duvel, garrafas pequenas podem agora também ser encontradas.

Bélgica, o país da cerveja!

Quando olhamos para os países que são internacionalmente conhecidos pela cerveja vemos que todos tem uma coisa em comum: ficam na região mais ao norte da europa.
Mas o que esse fator tem a ver com a produção da cerveja? Tudo! Os países localizados mais ao sul da europa por possuírem um clima mais ameno permitem a produção de frutas e consequentemente a fabricação de vinho. Nos países do norte, o clima frio facilita a produção de grãos e logo a produção de cerveja.
Os primeiros relatos da produção de cerveja vem da região da Mesopotânia, atual Iraque, incluindo algumas leis referentes a fabricação, comercialização e consumo em um dos mais antigos conjuntos de leis, o Código de Hamurabi.
Após os Célticos iniciaram a produção de cerveja na região onde hoje é ocupada pela República Tcheca, Alemanha, Bélgica, Inglaterra e Irlanda. Agora podemos ver o porquê da Bélgica ser o país da cerveja, pois está localizada no meio desta “região” da cerveja. Há aqui ruinas de cervejarias que datam do 3º e 4º séculos.
No mesmo período, os Romanos e Gregos produziam o vinho, que passou a ser então produzido na França e na Ibéria. Quando os Romanos foram para o oeste, encontraram a cerveja sendo feita em tribos chamadas “Belgea”, ancestrais dos Valônios e provavelmente dos Flamengos, os dois principais povos da Bélgica.
Uma influência histórica neste processo é a regiao da Borgonha, hoje conhecida pelo vinho Pinot Noir, pela cozinha com Charolais e pela mostarda de Dijon. Na idade media, esta região incluia territórios da Bélgica, e lá surgiu então a expressão Burgês, que se referia a pessoa que gosta de comida e bebida em quantidade e qualidade, hoje o termo mais comum foi emprestado do francês: Gourmand.
Os monges beneditinos de Hoegaarden e Affligem nos últimos 3 ou 4 séculos do milênio tiveram uma grande influência na produção da cerveja.
No auge do poder burgês, a abadia de Cluny era a capital intelectual da Europa, e os beneditinos exerceram grande influência por séculos.
A vida extravagente na região também deu inicio a uma reação com a criação da abadia de La Trappe (primeira abadia Trapista, que buscava restaurar a simplicidade e austeridade originais) , na região na Normandia na França, que até hoje funciona e originou os demais mosteiros Trapistas na Bégica e Holanda.
O termo “The Burgundies of Belgium”, traduzindo livremente para “as burguesias da Bélgica” ainda é utilizado para descrever as cervejas da Valônia e Flandres.
Na França a uva tomou espaço, mas a região ainda é um encontro da alta gastronomia e de duas culturas diferentes.
Enquando na França as crianças tomam vinho nas refeições, na Bélgica elas tem contato com cervejas de baixa graduação alcoolica.

Quem sou eu

Bruxelas, Belgium
Engenheiro Mecânico, doutorando pela Vrije Universiteit Brussel, apreciador das diferentes cervejas deste país. dúvidas? fpresezn@vub.ac.be