segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Duvel – Duvel Moortgat Brouwerij

Para os francófonos, pronuncia-se “DooVELL”. Chamar Duvel assim é um erro perigoso. Especialmente porque esconde um pouco do que a cerveja realmente é. O nome é flamengo e é uma modificação da palavra “Diabo”, "Duivel". Então, se você não conhece, tome cuidado, você não imagina o que Duvel realmente é!
Ela não é uma daquelas “super premium” lagers, com pouco malte, lúpulo e ligeiramente fortes que se faz diariamente . Também não é uma daquelas extra-fortes largers feitas em países nórdicos com mais costa do que terra, onde a população passa a vida em ferries nas águas territoriais tomando cerveja que não foram maturadas o suficiente e portando ficam mais adocicadas.
Duvel não é nada disso. Duvel não é uma lager, apesar de ser feita com malte pilsener. Se você pensa que as loiras são fracas em alcool e as escuras fortes, deve tomar cuidado. Duvel parece uma loira e se apresenta de uma forma que enaltece suas curvas. O maior feitiço não é somente o teor de 8,5%, mas o fato de ocultar isso muito bem. É servida em seu copo com uma forma “burguesa”, com sua nota inicial, sem falar do aroma, sabor e sua nota final, não podendo ser confundida com uma pils, apesar de algumas vezes ser.
É tão especial que inspirou um número suficiente de outras cervejas para um estilo. É uma Golden Ale, uma Golden Ale bem forte.
Seu malte é denso o suficiente para prover um corpo forte enfraquecido pelo açúcar. Do seu corpo, limpo e leve, os aromas de lúpulo e sabores como de casca de laranja aparecem. Há sabores do fermento, também frutados, mas frescos e “limpos”.
Duvel tem uma história interessante. No tempo da fama das cervejas Ales escocesas na Bélgica, entre as duas guerras mundiais, uma garrafa de McEwans foi “separada”em um microscópio por um grande cientísta estudioso da cervejas chamado Jean DeClerk. E ele fez um verdadeiro trabalho de cientista, estudando, pesquisando, investigando.
Talvez ele estivesse interessado nas características do sabor, que pareciam vir do fermento, pereciam uma mistura entre 10 ou 20 tipos diferentes.
DeClerk realizou este trabalho em conjunto com uma cervejaria local, da familia Moortgat. Nesse tempo, Moortgat tinha uma cerveja escura de alta fermentação. Com as culturas de fermento isoladas da cerveja McEwans eles iniciaram um novo produto. Após a segunda guerra, as cervejas loiras cairam no gosto da população na Bélgica.
Em 1970, a cerveja escura foi substituida por uma loira, novamente DeClerk estava envolvido. Mesmo com um malte estilo pilsener é difícil produzir uma Ale forte e dourada. O problema é que a densidade do malte necessária para fazer uma brassagem forte inevitavelmente muda a cor, tendendo a um bronze.
Porque então fazer uma cerveja mais pálida, clara? Em parte por motivos estéticos. Eles queriam responder a moda das cervejas claras. E por fazer com um malte de uma cor clara, não comum, eles também cheram a um corpo mais limpo.
É dito que um dos cervejeiros da empresa, após provar uma amostra disse: “Este é o diabo das cervejas” e espontâneamente deu a Moortgat o nome para a cerveja.
No Brasil está cada vez mais fácil de se encontrar uma Duvel. O problema é o preço que gira em torno de R$40,00 a garrafa pequena. Gezondheid!

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Quem sou eu

Bruxelas, Belgium
Engenheiro Mecânico, doutorando pela Vrije Universiteit Brussel, apreciador das diferentes cervejas deste país. dúvidas? fpresezn@vub.ac.be