quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Cervejas Selvagens - Ato 3 de 3

O decreto real que estabeleceu a quantidade minima de trigo, também definiu que outros fatores para a fabricação das cervejas Lambic, como que elas devem ser feitas segundo o processo de fermentação espontânea além dos níveis mínimos de acidez.
A cerveja desde 1991 passou a ter a definição de produto de apelação controlada. Isto foi feito para garantir que a Lambic precisa ser feita da maneira clássica, que significa a utilização de fermentos selvagens e que entre eles o Brettanomyces bruxellensis e lambicus devem estar presentes. A Gueze precisa ser feita inteiramente com Lambic e precisa ter uma refermentação na garrafa, sem filtragem, carbonificação ou pasteurização.
Essa apelação foi a precursora de uma outra, em 1997, para definir a chamada “velha” Lambic, que precisa conter uma porção de Lambic de pelo menos 3 anos, com uma média de 1 ano na madeira e 6 meses na garrafa.
O nome Gueze faz referência a um estilo de cerveja feita de uma mistura de 2 ou mais tipos de Lambic para criar uma segunda fermentação e bolhas como a do champagne. Algumas vezes confundem-se as palavras Gueze e Lambic, especialmente quando o produto é servido de um barril.
Quando passaram a engarrafar, os belgas descobriram o quão elegante uma mistura de Lambics pode ser. Em razão da fermentação na garrafa, uma pressão considerável é criada, então a Gueze é colocada em garrafas similares a de champagne.
O nome Gueze pode derivar da mesma origem de gas ou geyser e pode simplesmente fazer referência as possíveis consequencias de se fechar o barril ou abrir uma garrafa, liberando o dióxido de carbono.
Uma referência anterior, dos anos 1600, indica de os cervejeiros Lambic já sabiam como adicionar carbono naturalmente em suas cervejas. Esta mesma referência também sugere que esta bebida era uma bebida consumida por camponeses, equanto que a classe dominante bebia vinhos da França ou Espanha.
A mistura de vinhos para a fabricação de champagne tem como origem Dom Perignon ao fim dos anos 1600 e no inicio dos anos 1800 a viúva Cliquot (daquele famoso champagne Veuve Cliquot de rótulo laranja que econtramos nos supermercados no Brasil) desenvolveu meios de remuage e dégorgement, que foram posteriormente usados na Gueze.
As características da Lambic estão presentes na Gueze e a fermentação posterior criará complexidade e finesa, além, claro, de bolhas.
Uma Gueze verdadeira é seca, ácida e frutada e algumas tem um aroma de champagne. Além disso tudo, essa fermentação na garrafa vai criar um nível um pouco maior de alcool.
Por esses motivos, essa cerveja especial é conhecida como o champagne de Bruxelas. Com uma sabor único e inconfundível, as cervejas Lambic e Gueze devem com certeza ser incluidas no roteiro de qualquer turista. Se você um dia tiver a oportunidade de saborear esta cerveja, não desista logo na primeira vez. Beber uma Gueze é como experimentar cerveja pela primeira vez, por uma Gueze devemos com certeza criar um novo paladar para aproveitar ao máximo o que esta cerveja pode proporcionar.

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Quem sou eu

Bruxelas, Belgium
Engenheiro Mecânico, doutorando pela Vrije Universiteit Brussel, apreciador das diferentes cervejas deste país. dúvidas? fpresezn@vub.ac.be